POLUIÇÃO ELETROMAGNÉTICA - RISCO DAS ANTENAS EMISSORAS DE RADIOFREQUÊNCIA

05/03/2013 19:33

Recentemente a equipe da BIOhabitate visitou a Escola Municipal Carmela Caruso Aluotto, para verificação da proximidade de uma antena emissora de radiofreqüência, instalada em terreno junto à escola. As antenas emissoras de radiofreqüência são instaladas para envio e recepção de sinais de telecomunicação, telefones fixos rurais, telefones móveis (celulares), TV e rádio. A antena se localiza muito próximo às salas de aula, e outras dependências da escola; várias salas de aula estão a menos de 15 metros de distância da antena; sendo que algumas estão a menos de 10 metros. Este fato é muito preocupante, tanto para os alunos quanto para os funcionários da escola, que passam a maior parte do dia sobre a exposição dos possíveis efeitos nocivos da antena. 

Já existe na região de Casa Branca, mobilização de pais de alguns alunos matriculados na escola, preocupados com a interferência da antena na saúde e bem estar de seus filhos, além da preocupação não menos importante em relação às interferências dos efeitos negativos da antena na formação orgânica, desenvolvimento e aprendizado das crianças.

Este fato nos motivou a escrever esse relatório informativo, que explícita os possíveis efeitos nocivos causados pela poluição eletromagnética, devido à proximidade de antenas de radiofreqüência com residências, escolas e locais de permanência de pessoas.

Conceitualmente, a poluição eletromagnética é a influência danosa dos campos eletromagnéticos sobre o corpo humano. Essa influência é proveniente da interação com a radiação gerada pelos eletroeletrônicos, eletrodomésticos, instalações elétricas, aparelhos e equipamentos de geração e transmissão de energia elétrica, além dos equipamentos de geração e transmissão de ondas eletromagnéticas sem fio, como é o caso das antenas de radiofreqüência, telefonia rural e telefonia celular, conhecidas tecnicamente por Estações Rádio Base (ERB).

No mundo de hoje, extremamente tecnológico, vivemos imersos em um “mar de ondas eletromagnéticas”, e isso gera uma grande polêmica sobre a interação negativa com os seres vivos. Porém vários pesquisadores já comprovaram que os efeitos e conseqüências das radiações eletromagnéticas alteram o funcionamento normal dos organismos vivos, principalmente dos seres humanos.

Atenção especial tem sido dada aos possíveis danos causados nas comunidades no entorno das ERB, que hoje vem crescendo rapidamente com o advento de novas tecnologias e a facilidade de acesso a essas tecnologias.

No Brasil o número de aparelhos celulares e de telefonia rural fixa em uso chega a mais de 100 milhões de unidades. Quanto mais usuários, maior a quantidade de ERB para garantir que a área de cobertura do sinal chegue a todos os aparelhos. Em Belo Horizonte e região metropolitana, o número de ERB já supera 2 mil antenas.

Mesmo com o número de ERB e aparelhos de telefonia crescendo rapidamente; o número de pesquisas científicas voltadas para os possíveis danos à saúde, não acompanham esse crescimento.

A “cultura” de inovações tecnológicas ainda segue o antigo padrão de avaliação de riscos, tomando-se atitudes remediativas somente depois que os danos ocorrem; sendo que a possibilidade de efeitos nocivos à saúde não são considerados preventivamente. Assim aconteceu com a já conhecida história do uso do cigarro. Somente quando as doenças começaram a ser um problema global social e de saúde pública, é que a venda dos cigarros começou a ser restringida e os avisos de interação negativa com a saúde se tornaram obrigatórios nas propagandas e embalagens desses produtos. A quem diga que essas medidas remediativas, só surgiram depois que os custos médicos com o tratamento de doenças relativas ao uso do cigarro, se tornaram maiores que os valores de arrecadação de impostos gerados pela venda de cigarros.

Assim como no negativo histórico do uso de cigarros a instalação das ERB, deveria ser feita levando-se em conta o principio da precaução, uma vez que não se comprovou ainda que esse tipo de tecnologia é inofensiva para os usuários, e para as comunidades que ficam nas proximidades das antenas.

 O principio da precaução foi proposto formalmente durante a Eco 92 no Rio de Janeiro e sua definição está colocada abaixo:

 “O Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados. Este Princípio afirma que a ausência da certeza científica formal, a existência de um risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever este dano”.

Mesmo com o pequeno número de pesquisas cientificas, já existem algumas que apresentam dados conclusivos sobre os danos à saúde relacionados com a proximidade das ERB. Para muitos pesquisadores o maior problema ambiental do século 21 são as radiações provenientes das ERB. Em alguns países a ações preventivas vem aumentando. Recentemente na Europa, foram proibidos repetidores de sinal de telefonia e internet sem fio dentro de escolas do ensino fundamental.  

No conteúdo de sua tese de doutorado publicada em 2010, a pesquisadora Adilza Dode cita um caso que levanta ainda mais preocupações com a proximidade das ERB em relação às escolas, como é o caso da Escola Municipal Carmela Caruso Aluotto que visitamos no vilarejo de Casa Branca  (Brumadinho – MG), citada no inicio desse relatório. Veja abaixo o fragmento contido na tese de doutorado, que cita o caso de uma escola localizada na cidade de Juiz de Fora (MG):

“Na Escola Municipal Santa Cândida, de 1º grau, onde se localizavam Antenas de Telefonia, bem na divisa da área escolar, a diretora da instituição percebeu o desaparecimento das aves, o ressecamento e extinção de plantas - até mesmo dos resistentes pés de mamona (Ricinus communis) localizados no entorno, e o assustador número de neoplasias nos funcionários da escola, confirmadas por exames médicos e laboratoriais. De posse destes, após várias manifestações realizadas pelo Comitê de Cidadania daquela cidade, juntamente com o apoio da Comunidade Juiz-forana, bem como da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e do Arcebispado Católico daquela cidade, as Torres de Telefonia oram retiradas do local pela operadora”. (Tese doutorado Adilza Dode).

Em Belo Horizonte, a professora e pesquisadora Adilza, pesquisa desde 2005 a relação de ocorrências de câncer com a proximidade dessas antenas com residências e locais onde existem permanência de pessoas.

Na tese de doutorado, defendida no Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Adilza apresentou dados impressionantes e conclusivos.

Os resultados mostram que, as principais vítimas são os moradores das áreas localizadas num raio distante até 300 metros das antenas instaladas na capital mineira. Nesse perímetro, a taxa de mortalidade é de 21,74 a cada 10 mil habitantes. O mesmo índice, para uma área de 1mil metros, é de 19,92 por cada 10 mil habitantes.

Na pesquisa da Adilza, também foram apresentados dados que indicam que, o risco relativo que indica a chance de determinado câncer ter sido provocado pelas ondas eletromagnéticas das antenas, cresce à medida que se aproxima das ERB.  A 100 metros da antena, esse risco calculado pela pesquisadora

é de 1,25.O mesmo índice em 200 metros cai para 1,18 e a 300 metros para 1,09. Quando a distância da fonte emissora é de1 mil metros, o risco relativo chega a 1; taxa considerada desprezível ou que não pode ser associado à radiação emitida pela antena.

Em entrevista para o Jornal Estado de Minas, Adilza reforça a necessidade do cumprimento da fiscalização para as ERB que são instaladas. Segundo estudo recente mais de 400 ERB são instaladas sem autorização prévia.

 A legislação de Belo Horizonte delimita uma distância mínima de pelo menos 500 metros entre as antenas para resguardar a paisagem urbana, e devido à radiação as estruturas devem ser posicionadas a no mínimo 30 metros dos imóveis onde exista permanência de pessoas. Infelizmente não vemos em muitos casos essas regras serem seguidas. A responsabilidade da fiscalização da emissão da radiação é da Anatel.

Ainda na entrevista para o jornal; a pesquisadora Adilza reforça a necessidade de mudança na Legislação Federal Brasileira, que é muito mais permissiva em relação aos níveis de densidades de potência das ondas eletromagnéticas emitidas pelas ERB, permitidos em outros países:

“O que encontrei em Belo Horizonte está dentro dos padrões , mas quando comparado a outros países, como Suíça, Rússia, Itália e China, estão com valores extremamente maiores. Por que lá os governos já diminuíram os limites de exposição humana para proteger a saúde pública? E por que aqui continuam altos? Não há um limite de segurança que assegure uma dose de radiação diária que não causa danos. Por isso; pedimos que se adote o princípio da prevenção ”, afirma Adilza.

Com as pesquisas científicas realizadas no Brasil e em outros países; já são conhecidos vários efeitos negativos das radiações eletromagnéticas no corpo humano, que podem ser danosas a saúde mesmo com baixa intensidade, porem com exposição prolongada durante o cotidiano.

Aqui no Brasil temos o bom exemplo da cidade de Porto Alegre que através de um decreto municipal, adotou padrões 100 vezes mais baixos que os recomendados pela Legislação Federal Brasileira.

Existem alguns sintomas, resultantes dos efeitos biológicos desencadeados pelas radiações eletromagnéticas, que podem ser observados com mais freqüência, e além disso ainda existem pessoas hipersensíveis nas quais os sintomas aparecem com maior intensidade. Como por exemplo: problemas com o sono, problemas de pele, falta de concentração e memória, tonturas e fadiga, problemas cardíacos, depressão, problemas digestivos, dores de cabeça, intolerância à luz e irritabilidade.

Para saber maiores informações sobre o assunto, acesse o site da Adilza ou veja no link abaixo a tese de doutorado da pesquisadora publicada em 2010. 

https://www.mreengenharia.com.br

https://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUOS-8UCNEL

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